sexta-feira, 9 de março de 2007

Fica...

Não vás! Não antes de eu te dizer tudo! Não me deixes com palavras presas à garganta como se fossem anzóis.
Antes de ires, por favor, antes de ires deixa-me mostrar as cartas que escrevi e que não te enviei por pensar ter muito tempo para o fazer! Não deixes que eu as faça arder, na minha lareira, enquanto vejo o nosso amor imortalizado numa fotografia.
Vai só quando já tivermos vivido tudo, quando já não houver nada para fazer, nada para acontecer. Parte só quando ja tivermos visto tudo, quando tudo já tiver acontecido.
Antes disso, fica! Vamos esgotar o tempo, esgotar a vida!
Mas se quiseres ir, agora, então vai! Eu não vou pedir para ficares depois de me dizeres que já tomaste a tua decisão. Esquece o que eu queria dizer, o que queria mostrar, o que queria viver, esquece e vai!
Lembra-te só do que já passou e vai, vai embora que eu fico, aqui, sem ti!
Não sei se quero que voltes, mas se um dia decidires vir, antes de chegar outra vez o Inverno, só vais encontrar as cartas. Todo o resto já vai ter ardido na lareira do tempo, mesmo que seja Primavera!

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